CORPOS, MULHERES, GRAMÁTICAS E CONTRAGRAMÁTICAS NOS FIOS DO DISCURSO

Nesta obra, uma trama de ensaios teórico-analíticos converge para o ponto nodal da reflexão: os corpos, especialmente os corpos-mulheres, corpos-femininos. Nos fios do discurso, os textos exploram os engendramentos desses corpos com gramáticas e contragramáticas que funcionam como observatórios, delineando regras e contrarregras para/sobre esses corpos, tanto no espaço virtual quanto na tessitura da sociedade contemporânea. Com uma base teórico-analítica ancorada na Análise de Discurso materialista, cada texto oferece um olhar discursivo sobre os corpos, tomando-os como objeto discursivo, questionando as evidências dos sentidos que permeiam nossa formação social. Os capítulos examinam temas diversos, desde a análise de formulações acerca davirgindade feminina até os processos de interdição e resistência dos corpos das agricultoras familiares na Amazônia oriental. Outro texto reflete sobre o discurso em torno do corpo feminino encarcerado, investigando os Arquivos Penitenciários do Brasil e documentos da Penitenciária Central do Estado de São Paulo. A coletânea também aborda a representação da depressão no discurso jornalístico e o funcionamento discursivo da rede Instagram no quesito de ensino do português, na figura de "professoras-influenciadoras". Um dos textos explora a produção de sentidos sobre os corpos-mulheres, corpos-femininos na pesquisa, destacando a dualidade entre o apagamento das lutas das mulheres e a resistência à interpelação da ideologia dominante. Além disso, uma produção questiona como o corpo-documento e o corpo-memória movimentam a escrita sobre a mulher e quais regularidades, entendidas como gramáticas, convocam e fazem trabalhar diferentes domínios do conhecimento. Há textos que mergulham no funcionamento do artístico. Um dos capítulos trata da (re)textualização do corpo feminino, proporcionando uma visão crítica da decolonialidade do poder, do ser e do saber. Outro examina derivas abertas no embate da des-gramatização do corpo-mulher-performer à irrupção da resistência em práticas discursivas de assujeitamento do/no social institucionalizante. Por meio de reflexões sobre testemunhos de vítimas de gordofobia médica nas redes sociais, um dos textos versa sobre o processo de produção e circulação desses testemunhos, buscando compreender como a relação entre corpo e subjetividade atravessa essas práticas discursivas que emergem nas redes sociais. Ao convidar as leitoras e os leitores a se aventurarem pelos caminhos discursivos desses